29/07/2013


Hoje recomeçamos na escola! :-)

E nada melhor do reencontrar colegas e alunas que nos instigam.
- Professora, a gente precisa de uma história sobre o corpo humano (podemos substituir corpo humano por alimentação, Rio Grande do Sul, dia dos pais, folclore...)
Essa fala rendeu uma conversa muito bacana que estou espichando aqui...

O Curso Normal do Elisa orienta que a atividade desencadeadora dos projetos, para serem aplicados na educação infantil e nos anos iniciais, seja a hora do conto. Maravilha!

E aí se dá o impasse: como escolher as obras literárias?

O que acontece, na maioria dos casos, é, em primeiro lugar, a decisão sobre o tema do projeto - e os conteúdos e as atividades possíveis - para, somente então, começar a busca desenfreada por uma obra (nem sempre) literária que aborde o assunto.

E essa "ordem" de ações não se dá, somente, nas práticas das estagiárias do curso normal. Ela está nas escolas, há anos. Talvez, por isso, seja tão difícil reinventá-la.

É justo submeter a literatura aos conteúdos das diferentes disciplinas?

Com a palavra, algumas/alguns mestras/mestres, que já participaram de nossas aulas:

Nelly Novaes Coelho:
(...) acreditamos que a literatura (para crianças ou adultos) precisa urgentemente ser descoberta, muito menos como mero entretenimento (pois deste se encarregam com mais facilidade os meio de comunicação de massa), e muito mais como uma aventura espiritual que engaje o eu em uma experiência rica de vida, inteligência e emoções (Literatura infantil: teoria, análise, didática).
Gládis Kaercher:
Esta concepção (instrumentalista) acredita que a literatura "serve" para enriquecer a linguagem da crianças, que contribui para o aprendizado de novas palavras, que "introduz" este ou aquele conteúdo (se, por exemplo, precisamos estudar os seres vivos em Ciências, por que não aproveitar e "iniciar" esta abordagem por uma "historinha"?) Para resumir, esta perspectiva entende a que a literatura é um instrumento através do qual... (isso, se pensarmos que a literatura existe apenas para este fim). ("E se a historinha não funciona:": sobre paixões e literatura...)
Celso Sisto:
Só se conta bem aquela história que a gente amou, estudou e contou pras paredes, pro teto, pro espelho, pros filhos, até que ela brote dos lábios com veemência, convicção, detalhe e emoção.
(...)
Mas contar bem uma história é também evitar o didatismo e a lição de moral, os esteriótipos da palavra e dos gestos; o maniqueísmo e os preconceitos; o óbvio, o modismo e o lugar comum.
(...)
E é exatamente do fascínio de ler que nasce o fascínio de contar. E contar histórias hoje significa salvar o mundo imaginário. Vivemos, em nosso tempo, o império das imagens, quase sempre gerais, reprodutoras e sem individualidade.
(...)
Quando se conta uma história, começa-se a abrir espaço para o pensamento mágico (Textos e pretextos: sobre a arte de contar histórias).
Lena Lois:
O texto literário é arte, não é pedagogia. Dialoga com a subjetividade, não com a técnica.
Não há nada de errado em utilizar textos de literatura quando tratamos do estudo da língua portuguesa; seria incoerente pensar assim, quando reconhecemos na literatura uma especial manifestação da língua. A ressalva está na tendência a sua pura escolarização. Dar utilidade para o texto literário, antes de permitir o encontro do estudante com a arte, é sabotar o leitor e desconsiderar o papel humanizador que a escola precisa ter (Teoria e prática na formação do leitor: leitura e literatura na sala de aula).
Princípio de conversa! ;-)


Um comentário:

Laura Danielle Meyer Aguirre disse...

Adorei, como sempre tu diz: "Vamos nos encantar e encantar as crianças"!
E, relembrando nossas conversas sobre interdisciplinaridade, vamos usar e abusar das histórias, afinal tendo criatividade podemos tirar diversos conteúdos para trabalhar com os pequenos, de preferência todos em conjunto. Com atividades bem criativas, que assim como o conto, nos encantam! *-*

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