Não é possível pensar em linguagem sem ideologia e sem poder (Paulo Freire).
A disciplina Didática da Linguagem, no segundo ano do Curso Normal em nível médio, ocorre em 2h/a por semana, perfazendo um total de 66 h/a anuais.
Para o espaço/tempo da escola e/ou para outros espaços/tempos (na web, por exemplo), traço o seguinte plano¹ de trabalho:
Ementa:
Reflexão sobre as concepções de linguagem e língua e as implicações nas diferentes abordagens pedagógicas. Promoção de situações que permitam investigar a adequação ou a inadequação da linguagem aos diferentes contextos de uso. Estabelecimento de relações entre língua padrão e inclusão sociocultural. Explicitação da competência sociocomunicativa como instrumento de apropriação da cultura, tomando como base o texto, materializado em diferentes agrupamentos de gênero. Estudo de fenômenos da língua, orientados para as práticas de ensino-aprendizagem da linguagem oral, da produção escrita, da leitura e da análise linguística. Análise de estratégias e produção de materiais didáticos para o ensino de língua portuguesa que contemplem essas práticas na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental.
Objetivos:
- Perceber as relações entre as diferentes áreas do conhecimento e a Língua Portuguesa como possibilidade de integração entre elas.
- Reconhecer que as diferentes concepções de linguagem e língua implicam diferentes abordagens pedagógicas.
- Usar, com fluência, a Língua Portuguesa em contextos sociais referentes à função de professor.
- Familiarizar-se com a metalinguagem específica da área da linguagem para adequada utilização.
- Refletir sobre diferentes orientações metodológicas para a aprendizagem da linguagem oral, da produção escrita, da leitura e da análise linguística.
- Compreender e relacionar teorias e práticas de ensino-aprendizagem de língua portuguesa.
- Criar, planejar, realizar e avaliar situações de ensino-aprendizagem de Língua Portuguesa, para a educação infantil e os anos iniciais do ensino fundamental, considerando os eixos - oralidade, produção escrita, leitura e análise linguística.
- Assumir uma postura de pesquisador, entendendo a formação como um processo permanente.
- Atividades de produção escrita: resenhas e relatórios de leitura, anotações a partir de vídeos e de aulas expositivas, planos de aula.
- Atividades de leitura: leitura de textos que servem de fundamentação teórica para as práticas em língua portuguesa.
- Atividades de pesquisa, em diferentes fontes (na web, em livros, em revistas...) sobre os temas desenvolvidos em aula, a fim de aprofundar os conhecimentos.
- Atividades de produção de textos orais: partilha de conhecimentos em rodas de conversa ou em forma de seminários; debate a partir de textos teóricos, buscando os possíveis sentidos, fazendo a reflexão crítica e relacionando com as vivências.
- Atividades de escuta respeitosa de textos: aulas expositivas, palestras, seminários, debates, vídeos, seguidas de registros escritos, em forma de resumo, relatórios.
É necessário explicitar as concepções que permeiam este plano de trabalho e refletem as escolhas metodológicas:
- A língua é entendida - segundo Vigotski, Bakthin, Geraldi - como um processo de interação entre sujeitos que desempenham papéis sociais, ideologicamente situados num momento histórico, portanto, um sistema aberto, vivo, dinâmico. Daí, a importância de expor os alunos a diferentes textos e contextos de uso da linguagem, a fim de torná-los “poliglotas” na própria língua, capazes de usá-la nas diversas situações, respeitando e valorizando as variações, e fazendo as reflexões necessárias sobre a modalidade padrão (ou culta).
- A língua é um dos elementos de identidade de um povo e dos indivíduos.
- Todas as áreas do conhecimento, todas as atividades da sociedade se relacionam com a linguagem.
- A função de professor de língua e literatura implica muita responsabilidade, pois a forma como o trabalho é encaminhado pode contribuir, por exemplo, para que o preconceito linguístico se fortaleça e, daí, a exclusão; ou para a “apropriação” da (s) língua (s).
- A aprendizagem de língua dever servir para libertar (e não para aprisionar!). Deve focar na formação de leitores e de produtores de textos (e não em “especialistas” em gramática normativa!).
Esses pressupostos exigem o investimento na construção da autonomia dos alunos, assumindo a condição de autores, pesquisadores - criativos, críticos e reflexivos -, especialmente, em relação às questões dos usos da língua.
Ou seja, o professor deve promover a aprendizagem, estimular o diálogo, provocar o surgimento de dúvidas, apoiar as reconstruções. Ao aluno, por sua vez, cabe uma postura ativa; interessado em compartilhar, criar, interagir para compreender.
Ou seja, o professor deve promover a aprendizagem, estimular o diálogo, provocar o surgimento de dúvidas, apoiar as reconstruções. Ao aluno, por sua vez, cabe uma postura ativa; interessado em compartilhar, criar, interagir para compreender.
Avaliação:
É um processo contínuo, em que serão diagnosticados os avanços e os limites e, a partir daí, estabelecidos rumos para superar esses limites. Para isso é fundamental, a participação do aluno e a interação com os colegas e com a professora.
Serão utilizados diferentes instrumentos para avaliar o aluno (individualmente ou em grupos): produção textual - resenha, relatórios, registros feitos nas aulas, portfólios ou diários virtuais; seminários: pesquisa, planejamento e participação; elaboração de planos de aula para a educação infantil e para os anos iniciais do ensino fundamental, considerando as reflexões e o referencial teórico estudado.
Referências bibliográficas:
- BAGNO, Marcos. Português ou brasileiro: um convite à pesquisa. São Paulo, Parábola Editorial, 2004.
- COBO, Cristóbal e PARDO, Hugo. Planeta Web 2.0 – inteligência colectiva o médios fast food. Grup de Recerca d'Interaccions Digitals, Universitat de Vic. Flacso México. Barcelona / México DF. 2007.
- DALLA ZEN, Maria Isabel (org.). Projetos pedagógicos: cenas de salas de aula. Porto Alegre, Mediação, 2009.
- ____________________________. Alfabeletrar: fundamentos e práticas. Porto Alegre, Mediação, 2010.
- FARACO, Carlos. Português: língua e cultura. Curitiba, 2003.
- FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1996.
- GERALDI, João Wanderley. Portos de passagem. São Paulo, Martins Fontes, 1999.
- HOFFMANN, Jussara. Avaliação mediadora: uma prática em construção da pré-escola à universidade. Porto Alegre, Mediação, 1993.
- KAUFMAN, Ana María e RODRÍGUES, María Helena. Escola, leitura e produção de textos. Porto Alegre, Artes Médicas, 1995.
- MORAIS, Artur Gomes de. Ortografia: ensinar e aprender. São Paulo, Ática, 2010.
- NASPOLINI, Ana Tereza. Tijolo por tijolo: prática de ensino de língua portuguesa. São Paulo, FTD, 2009.
- PERINI, Mário. Gramática do português brasileiro. São Paulo, Parábola Editorial, 2010.
- SOARES, Magda. Linguagem e escola: uma perspectiva social. São Paulo, Ática, 1988.
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1. Alun@s e colegas, é um plano, por isso em construção permanente! Conto com vocês!
Leiam, comentem, questionem...
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