A disciplina Língua Portuguesa, nos terceiros anos do Curso Normal em nível médio, ocorre em 3h/a por semana, perfazendo um total de 99 h/a anuais.
Para o espaço/tempo da escola e/ou para outros espaços/tempos (na web, por exemplo), traço o seguinte plano¹ de trabalho:
Ementa:
Ampliação e qualificação dos conhecimentos sobre a língua portuguesa. Reconhecimento da língua portuguesa como objeto de atividades do professor. Desenvolvimento da leitura crítica e responsiva de textos de diferentes gêneros. Produção de textos de diferentes gêneros, considerando a escrita como uma prática sociointeracional. Reflexão sobre os usos da língua portuguesa nos diferentes contextos. Exame de questões sobre a variação linguística. Estabelecimento de relações entre língua padrão e inclusão sociocultural. Análise de fenômenos da língua.
Objetivos:
- Ampliar e amadurecer o domínio que os alunos já tem do conhecimento de Língua Portuguesa, qualificando-o.
- Reconhecer os conteúdos relacionados à Língua Portuguesa como objetos da atividade de professor da educação infantil e dos anos iniciais, adequando-os aos contextos.
- Dominar com fluência o uso da Língua Portuguesa em situações sociais (práticas de leitura, de escrita, de oralidade) relevantes para o ofício de professor.
- Desenvolver a atitude de leitor crítico de diferentes gêneros textuais, ou seja, perder a ingenuidade diante do texto, percebendo que há um autor, com uma experiência histórica, com valores próprios, com intenção.
- Compreender de forma responsiva os textos, o que implica reagir aos textos, dando-lhes respostas: concordando ou discordando, rindo, emocionando-se, aplaudindo, refutando, assimilando e assim por diante.
- Perceber a escrita como uma prática sociointeracional que envolve interlocutor(es), intenção, gênero, planejamento, articulação entre as partes, seleção da variedade linguística...
- Refletir sobre as atividades sociointeracionais de fala, de leitura, de escrita.
- Examinar questões da variação linguística, a fim de desenvolver uma atitude crítica em relação ao preconceito linguístico.
- Perceber que a língua padrão, uma das variedades linguísticas, precisa ser cultivada e difundida como fator de inclusão sociocultural, porque exigida em situações formais de fala e na maior parte das práticas de escrita.
- Trabalhar temas gramaticais, às vezes, partindo da observação dos fenômenos da língua; às vezes, estimulando um saber mais sistematizado sobre esses fenômenos.
- Atividades de produção escrita e de leitura de textos que circulam nas diferentes esferas de atividades sociais: consolidação do gosto pela atividade de ler, da capacidade de compreensão do texto escrito; refinamento de saberes relativos às práticas de uso da escrita
- Atividades de produção de textos orais: palestras, debates, seminários, teatro, contação de história, etc.: estudo sobre as relações entre os gêneros da oralidade e da escrita, sobre a variação linguística, sobre os níveis de formalidade no uso da língua
- Atividades de escuta respeitosa de textos: palestras, seminários, debates, vídeos, seguidas de registros escritos, em forma de resumo, relatórios
- Atividades de retextualização: produção de textos a partir de outros, orais ou escritos: elaboração de resumos, resenhas, pesquisas, relatórios, paráfrases, portifólio
- Atividades de reflexão sobre textos, orais e escritos, produzidos pelo aluno ou não: revisão, reescrita de texto para torná-lo mais adequado, comentários em blogs, participação em fóruns online, etc.
- Uso de recursos linguísticos em relação ao contexto em que o texto é construído: elementos de coesão temporais, espaciais, grau de formalidade, seleção lexical, tempo e modos verbais, organização e progressão temática, ortografia e acentuação
- Estudo das relações intertextuais
A concepção de língua como discurso considerada nas aulas, de acordo com Magda Soares,
processo de interação (inter-ação) entre sujeitos, processo em que os interlocutores vão construindo sentidos e significados ao longo de suas trocas linguísticas, orais ou escritas, sentidos e significados que se constituem segundo as relações que cada um mantém com a língua, com o tema sobre o qual se fala ou escreve, ouve ou lê, segundo seus conhecimentos prévios, atitudes e "pré-conceitos", segundo ainda as relações que os interlocutores mantêm entre si, segundo a situação específica em que interagem, segundo o contexto social em que ocorre a interlocução. É a atividade linguística assim entendida que se chama discurso, atividade que se materializa, pois, em práticas discursivas constituídas segundo as condições de produção do discurso.
Essa concepção pressupõe o investimento na construção da autonomia dos alunos, problematizando a condição de simples repetidores de conteúdo e passando à condição de autores, pesquisadores - críticos e reflexivos -, não só sobre as questões dos usos da língua, mas sobre o cotidiano da escola.
Ou seja, o conhecimento não é um produto fixo nem acabado; é construído num contexto de troca. O professor deve promover a aprendizagem, estimular o diálogo, provocar o surgimento de dúvidas, apoiar as reconstruções. Ao aluno, por sua vez, cabe uma postura ativa; deverá compartilhar, criar, intergir para compreender.
Ou seja, o conhecimento não é um produto fixo nem acabado; é construído num contexto de troca. O professor deve promover a aprendizagem, estimular o diálogo, provocar o surgimento de dúvidas, apoiar as reconstruções. Ao aluno, por sua vez, cabe uma postura ativa; deverá compartilhar, criar, intergir para compreender.
É importante salientar, também, a Língua Portuguesa como possibilidade de elo entre as áreas do conhecimento, propiciando o trabalho interdisciplinar.
Avaliação:
É um processo contínuo, em que serão diagnosticados os avanços e os limites e, a partir daí, estabelecidos rumos para superar esses limites. Para isso é fundamental, a participação do aluno e a interação com os colegas e com a professora.
Serão utilizados diferentes instrumentos para avaliar o aluno (individualmente ou em grupos): produção textual - resenha, relatórios, registros feitos nas aulas, portfólios ou diários virtuais, participação em fóruns e nos comentários do blog da disciplina.
Referências bibliográficas:
- COBO, Cristóbal e PARDO, Hugo. Planeta Web 2.0 – inteligência colectiva o médios fast food. Grup de Recerca d'Interaccions Digitals, Universitat de Vic. Flacso México. Barcelona / México DF. 2007.
- FARACO, Carlos. Português: língua e cultura. Curitiba, 2003.
- FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1996.
- HOFFMANN, Jussara. Avaliação mediadora: uma prática em construção da pré-escola à universidade. Porto Alegre, Mediação, 1993.
- MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO - SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA. Orientações curriculares para o ensino médio - Linguagens, códigos e suas tecnologias. Brasília, 2006.
- RIO GRANDE DO SUL (Estado). Secretaria de Estado de Educação. Regimento Referência das Escolas de Ensino Médio - Curso Normal da Rede Estadual. Porto Alegre, 2011.
- SOARES, Magda. Português: uma proposta para o letramento. São Paulo, 2002.
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1. Meninas e meninos, é um plano, por isso em construção permanente! Conto com vocês!
Leiam, comentem, questionem...
2 comentários:
Achei maravilhoso! Adorei a parte que diz sobre a autonomia, pois só sendo um professor autônomo é que vamos 'ousar' dentro de uma sala de aula. E conseguir ensinar do modo que tanto falamos, com uma aula que encante, que deixe o aluno envolvido, assim como as tuas aulas Suely ^^
Suely adorei! li o teu plano e estou louca para começarmos a colocá-lo em prática.Gostei muito das atividades que tu pretendes elaborar conosco ,as principalmente gostei da parte em que tu dizes que com esta concepção deixamos de ser repetidores de conteúdo e passamos a ser autores,pesquisadores - críticos e reflexivos!
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